Entrevista

'Há questões que fogem da ação de um juiz'

Marilice Daronco

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Logo que o número de homicídios em Santa Maria começou a se multiplicar o recorde na cidade é de 40 assassinatos em 2013, e neste ano já são 37 crimes desse tipo e que ondas de roubo e furto se espalharam pela cidade, uma mesma resposta começou a se repetir entre as principais autoridades de segurança. A vinda de um juiz para a Vara de Execuções Criminais (VEC), que estava sem titular há dois anos, ajudaria, e muito, a resolver o problema, pois aumentaria a fiscalização dos apenados dos regimes aberto e semiaberto, os quais têm envolvimento com muitos desses crimes.

Foi com essa enorme responsabilidade que o juiz Fabio Marques Welter, natural de São Borja, assumiu a VEC há pouco mais de um mês, vindo de Santo Ângelo.

É pelas mãos dele que, desde 16 de junho, estão cerca de 5 mil processos. O juiz de 44 anos, que não se considera "o salvador da pátria", pondera que, para resolver o problema da criminalidade, são necessárias ações que fogem da sua alçada. Ele planeja trabalhos de intensificação da fiscalização dos presos e argumenta que também é necessário dar a eles melhores condições de permanência nos presídios, o que seria possível com uma reforma do Presídio Regional de Santa Maria. Ações que, segundo ele, só devem trazer resultados a longo prazo. Confira abaixo e na edição impressa do Diário uma entrevista com o juiz.

Diário de Santa Maria Porque o senhor decidiu vir para Santa Maria?

Fabio Marques Welter Eu tenho 15 anos de magistratura e a maior parte desse tempo dedicado à área criminal. Já atuava na matéria criminal em Santo Ângelo, onde durante aproximadamente nove anos e meio fui titular da 1ª Vara Criminal, com matéria da execução criminal e do tribunal do júri e mais matérias de conhecimento na área criminal. Então, eu já tinha uma afinidade com a matéria, não era uma novidade para mim. Embora de uma comarca para a outra haja diferenças, as dificuldades, os anseios da comunidade, o número de processo e os problemas mudam, mas o conteúdo, o que eu tenho de trabalhar, não muda. Como Santa Maria é uma das cinco cidades do Estado de entrância final, que faz parte da carreira do magistrado, ela é um atrativo. A cidade é agradável, receptiva. Tive uma irmã que viveu aqui. Então era uma cidade que já não me era estranha. Tinha um projeto de vida de não ir para a entrância final na capital.

Diário  Qual foi seu principal desafio neste primeiro mês de atuação?

Fabio  Foi a ambientação: assumir a titularidade de uma vara criminal com muito volume de trabalho e essa questão de ter que contribuir com esse anseio da comunidade de ter um titular. Essa própria cobrança da comunidade em relação ao controle efetivo dos apenados, sendo que o meu trabalho é de médio e longo prazo.

Diário Essa cobrança o assustou?

Welter Sim. Não vou ser, com certeza, o salvador da pátria. Os colegas que atuaram aqui fizeram isso muito bem. As questões são muito mais complexas. Não é uma única pessoa que vai resolver. Não tenho essa pretensão de conseguir resolver tudo. Espero é que meu trabalho surta efeito. Mas há questões que fogem da ação de um juiz.

Diário Houve um acúmulo ou atraso nos trabalhos por não existir um juiz titular por quase dois anos?

Welter Durante muito tempo, o juiz Leandro Sassi acumulou as funções da 4ª Vara Criminal e da 3ª Vara Criminal. Ambas têm um volume grande de trabalho. O edital demorou a ser julgado pelo Tribunal de Justiça devido a uma mudança nos critérios de promoções, o Tribunal ficou aguardando que a questão se resolvesse. Então ficou esse tempo sem titularidade e, claro, isso gerou na comunidade uma certa apreensão. Mas o colega substituto fez um bom trabalho. Os processos de réu preso, os processos urgentes, foram tratados com prioridade, mas fica sempre um res"

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